Entrevista concedida ao jornalista Carlos Roberto Sodré, Jornal Em Dia Com A Notícia (Rádio Educadora AM/FM).
As advogadas Darciana Paschoalino, de 42 anos, e Emiliane Tavares, de 40, concederam entrevista exclusiva ao jornalista Carlos Roberto Sodré, da Rádio Educadora AM/FM (Jornal Em Dia Com A Notícia), neste sábado (21). Elas contaram o inferno que ambas têm vivido nas Redes Sociais, desde o dia em que chegaram da Europa, por onde passaram por 13 dias. Elas chegaram do Continente Europeu no último dia 6 e, desde então, vêm sofrendo verdadeiro linchamento virtual em grupos de WhatsApp e na internet, acusadas pela população local de terem espalhado o coronavírus na cidade.
A acusação é falsa, pois na cidade não existe até o momento nenhum caso confirmado. As duas têm sido vítimas também de violentos ataques homofóbicos, conforme áudios e prints de páginas na internet.
Foi apenas na tarde de quinta-feira (19) que o resultado do exame saiu. Darciana e Emiliane receberam o diagnóstico negativo para a Covid-19. O grande problema é que algumas pessoas já haviam julgado e condenado as duas, através das Redes Sociais, o conhecido crime virtual.
Ataques homofônicos como estes a seguir:
Fonte: Jornal O Tempo on-line
“Gente, tudo é verdade, as duas estão infectadas e espalharam de propósito. Por conta da irresponsabilidade do que elas fizeram, a partir desta semana, vai ter um surto horrível na cidade e vai começar na região. Vai morrer muita gente”, diz uma mulher em um desses áudios.
“Estou numa revolta que só Deus sabe. Os casos estão só subindo. O negócio é ficar dentro de casa. Ela foi numa festa com mais de 500 pessoas, e a quantidade de gente que tá com sintomas… Essa mulher tinha que ser detida. Ela conseguiu trazer o coronavírus para dentro de Ubá. Pessoa ordinária”, diz outra mulher.
“O pessoal de Tocantins e de Ubá está organizado para pegar os sapatão. Até o grupo do presídio está querendo saber aonde que o sapatão mora. Escuta o que eu estou falando, o povo vai linchar os sapatão. Se você conhece alguém que conhece elas, fala com elas para vazar”, afirma um homem, também em um áudio de WhatsApp.
Outro homem diz: “Pode repassar esse áudio que eu te enviei, falando dessa sapatão. Essa porcaria. Por isso que eu não gosto dessa raça, eu tenho nojo. Viado e sapatão. Vai pro quinto dos inferno”.
Darciana conta que elas desembarcaram em São Paulo, vindas da Espanha, no sábado, dia 6 de março. No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e na conexão no Santos Dumont, no Rio, não houve nenhum cuidado ou orientação sobre o coronavírus, diz a advogada.
Sem apresentarem qualquer sintoma, na terça-feira, dia 10, as duas procuraram o Hospital Santa Isabel com objetivo de fazer o exame, já que o irmão de Emiliane, que mora em Barcelona, havia testado positivo para o vírus alguns dias após a partida delas, contou Darciana.
“No hospital me disseram que não havia como fazer o teste, pois não havia kit disponível, e, como estávamos sem sintomas, deveríamos voltar para casa e levar nossa vida tranquilamente”, relata Darciana, que também é proprietária de uma autoescola.
A partir daí a informação de que duas mulheres estariam contaminadas com o coronavírus tomou conta do Mundo Virtual, e os ataques começaram. Tanto Darciana quanto Emiliane negam ter ido a uma formatura e dizem que resolveram ficar em casa por conta própria. Na quinta-feira, dia 12, quando a pandemia já havia sido declarada pela Organização Mundial da Saúde, resolveram tentar novamente fazer o exame em laboratórios privados. E nada. No domingo passado elas conseguiram, enfim, fazer o teste pelo SUS, por meio da Secretaria de Saúde do município.
Darciana conta que já identificaram quatro pessoas responsáveis por parte dos ataques e que vão processá-las. “A internet não é mundo de cego, como as pessoas acham que é e saem disseminando informações falsas escondidas atrás de um aparelho virtual”.
E desabafa: “Nós sofremos demais. Vocês não imaginam o quanto. Ameaça de morte, de boicote à minha autoescola, de apedrejamento da nossa casa, tudo o que você puder pensar. Não conseguimos dormir uma única noite”, desabafou Darciana, que diz ter ficado apavorada.
Mesmo após o resultado ter sido divulgado, as ameaças não cessaram. “Vai abraçar o capeta, vai viver com ele no inferno”. Por outro lado, pedidos de desculpas começaram a chegar até as duas, o que tem ajudado a amenizar todo o sofrimento.
Na manhã de quinta-feira, agentes da Secretaria Municipal de Epidemiologia foram até a casa delas com o resultado negativo. Com a boa notícia em mãos, Emiliane desabafou: “É uma sensação de muito alívio, poder demonstrar que somos pessoas do bem e que não tínhamos intenção alguma de propagar nada”. E acrescenta: “Eu tenho certeza que tudo isso teve como base a homofobia, pelo fato de sermos lésbicas. Ubá é muito complicada”, diz ela. Darciana concorda: “O que levou a população a se revoltar de forma abominável e criminosa é o fato de a gente ser lésbica. Não somos as únicas que fizemos o teste para o Covid. Existem outras pessoas, mas elas não foram relevantes para a sociedade ubaense”.
O jornalismo do Portal Ubá News acredita que a população em sua maioria não concorda com os ataques homofóbicos que Darciana e Emiliane sofreram. Acreditamos ser, apenas e tão somente, algumas mentes pequenas de alguns seres menores e ignorantes!
Darciana e Emiliane informou à nossa reportagem que irão esperar a pandemia passar e, logo em seguida, vão procurar à justiça para que o prejuízo possa ser reparado!
Portal Ubá News.
Desde a primeira vez q ouvi o áudios eu repudiei
E tbm em todos grupos que compartilharam e eu vi, eu expus minha opinião contrária a tal atitude
Tenho várias amigas q são lésbicas, e me senti ofendida por elas
Pela forma q estavam discriminando_as
Lamento que elas tenham passado por isso.
Tomara q essas pessoas sejam punidas criminalmente.