PASSEATA EM FAVOR DA PAZ REÚNE CENTENAS DE PESSOAS EM TOCANTINS/MG

A violência exacerbada tomou conta de Tocantins. Foram várias vidas ceifadas de maneira precoce por grupo de elementos que vivem às margens da sociedade. Acredito que podemos chamá-los de: “os verdadeiros fora da lei”. Várias vidas foram levadas antes da hora covardemente. O Professor Ivanir foi morto a tiros no ano passado, na Comunidade do Beija Flor; o empresário Zé da Caixa foi morto a tiros também no ano passado, na Praça do Rosário; Paulo Eduardo de Farias foi morto dentro de sua casa com uma faca no seu pescoço, em 17 de setembro de 2013; um Policial Militar foi morto a tiros, enquanto atendia a uma ocorrência; uma mulher foi morta, segundo informações: “como retaliação, e ou um recado para alguém”; no domingo, dia 02 de fevereiro de 2020, Lucas Lopes foi morto, enquanto assistia ao jogo do Botafogo, time do seu coração, dentro de um bar. Isso, só para citar alguns. Muitos desses crimes ainda sem solução.

Às 9h, conforme estava previsto, aconteceu a concentração em frente ao Posto de Gasolina, na entrada da cidade. Depois de uma hora, à frente, cavaleiros abriam alas para a passagem de um carro de som, onde um locutor (Pardal), entre uma canção e outra, dava vida ao evento, proferindo palavras de ordem. Era fácil ver pessoas chorando a perda de seus entres queridos. Inclusive, nos jornalistas também nos emocionamos, quando uma música fundo os nossos corações. Antes do profissional somos gente, temos sentimentos, existe um coração que bate dentro do peito.

Ieder Washington de Oliveira (Nem) e Éder Rodrigues Soares, prefeito e vice-prefeito respectivamente participara da Passeata Contra a Violência. Alguns vereadores como: Nedinho; Adriano 28, Washington Luiz Nunes Apolinário, por exemplo, também participaram do evento. A Polícia Militar do Estado de Minas Gerais garantiu a segurança, durante o cortejo.

Tudo transcorreu de forma ordeira e pacífica, sem a necessidade da intervenção dos militares.

CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA DE TOCANTINS/MG

Por meio desta carta apresentadas as circunstâncias da realização da passeata pela paz, em memória de todas as vítimas da violência na cidade. Externamos aqui nossa preocupação com a segurança pública no município e com as providências a serem tomadas para que outros casos não voltem a acontecer. Mesmo, considerando às dificuldades inerentes à segurança da população, acreditamos que o Poder Público precisa sempre envidar todos os esforços à sua disposição e de forma rápida, para que o que aconteceu com nossos conterrâneos não se repita.

Nossos amigos, trabalhadores, pais de família tiveram suas vidas ceifadas por criminosos, na prática de latrocínio. O senhor José Eduardo (Zé da Caixa), em plena luz do dia e no centro; o senhor Vani, do Beija Flor, no interior do seu local de trabalho, e recentemente o Lucas, na companhia de amigos, e no local, onde se divertia no final de semana.

Neste sentido, queremos saber quais as medidas tomadas por parte das autoridades para dar mais segurança aos Cidadãos Tocantinenses, que pagam seus impostos e cumprem com suas obrigações na sociedade? Estamos assustados, com medo, sentimo-nos inseguros a cada dia que passa. Não temos a sensação de segurança, temos a impressão de não podermos andar livremente pela cidade. Não sabemos se voltamos para casa vivos ou encontraremos nossas famílias no final do dia.

Foram vidas cheias de sonhos, projetos e desejos interrompidos pela violência. Mais uma família chorando a perda de um filho, mais uma legião de amigos que chora a perda de um irmão de coração.

A todas as autoridades competentes, o tom emocional estampado nessa missiva não é fruto de retórica, mas expressa o grande sofrimento, a imensa dor que sentimos no nosso coração. Mal conseguimos suportar tanto sentimento de perda e vazio.

Gostaríamos que os senhores amenizassem nosso sofrimento, nos prestando esses esclarecimentos para que voltemos a acreditar no Poder Público. Queremos ter a certeza de que casos como esses possam ser evitados e que a violência possa ser combatida com ações concretas e sistemáticas de longo prazo, e que envolvam um processo contínuo de diálogo com a sociedade.

A lógica da vida é os filhos enterrarem os pais, e não o contrário. Como cidadãos, não admitimos que tantos jovens continuem a morrer, dando fim a todo um futuro promissor. Por isso mesmo, solicitamos aos responsáveis que não cessem as investigações sobre essas mortes. Queremos que os responsáveis sejam punidos e que haja estratégia de segurança na cidade. Sendo assim, é de extrema necessidade a instalação de câmeras de monitoramento, para coibir a prática de delitos e que os criminosos possam ser reconhecidos e presos. Essa seria uma ação concreta para amenizar a dor de familiares e amigos.

Solicitamos ainda que as autoridades competentes publiquem, através de meios de comunicação locais e redes sociais, as respostas aos itens reivindicados bem como as recomendações propostas nesta carta.

Independente das limitações de recursos financeiros e humanos, acreditamos que os Poderes Públicos do Município, não apenas podem, mas tem o dever de dar uma resposta concreta à sociedade.

Em nome da paz e memória daqueles retirados da sociedade por meio da violência, enviamos nossas saudações.

Tocantins/MG, fevereiro de 2020. 

                                     Elaine Bastos Peluso (Elaine Santiago)

A Passeata Contra a Violência promovida pela Sociedade Tocantinense teve a cobertura completa e exclusiva do Portal Ubá News.

 

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2 comentario

  1. Parabenizo o repórter Roberto Sodré pela reportagem.
    Focou no principal e no que nós tocantinense as vezes temos medo de falar. O grande número de homicídios em Tocantins sem solução é um absurdo.
    Precisamos mais ainda de você para que Tocantins volte a ser uma cidade boa pra se viver.
    De coração. Obrigado.

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